Taiasmin Ohnmacht
Andou
apressada pela avenida, o caminho de sempre, todos os dias descer do ônibus no
mesmo ponto e atravessar o mesmo cruzamento, mas as possiblidades de sexta a
animavam; era final de tarde e ela já pensava na noite, saída com grupo de
amigos.
Chegou
à faixa de segurança assim que o sinal fechou para pedestres, o intenso
movimento de veículos dava poucas esperanças de atravessar antes de uma nova
mudança de sinal. Ela parou na calçada, olhando os carros que vinham de sua
direita. Resignada com a espera familiar, observou um homem próximo que também
aguardava para atravessar, parecia mais apressado, fazia menção com o corpo de
precipitar-se em direção ao trânsito. Ela não via o rosto, mas observou-lhe o
cabelo castanho e a linha bem feita do corte junto à nuca, o desenho dos ombros
largos, as costas fortes, a calça larga ocultando os quadris. Ficou curiosa em
ver o rosto dele, pensou em se esforçar para fazer isso quando chegassem ao
outro lado da rua. Houve uma pausa no trafego de veículos e ele apressou o
passo para atravessar a larga via, de modo quase automático, ela foi junto. No
meio da rua, ele olhou para o outro lado, viu-a e sorriu. Consciente da imprudência, ele ainda falou, brincando:
─ Se morrermos, morreremos juntos!
Ela
pensou que seria muito bom se desse a coincidência de encontrar com
Foram enterrados em cemitérios diferentes.